24 setembro 2008

FOME




Derrama o teu amor na minha língua
profano, devasso, proibido, viscoso.
Minha boca é feita para receber-te
duro, forte, explosivo, guloso.
Derrama-te em mim por inteiro
que todo o resto é nada 
e é de ti que eu me alimento.
Eu desejo o teu gosto,
 o teu cheiro, teu unguento.
Se escorrer uma só gota 
eu recolherei com um beijo.
E se tu quiseres, amor, 
podes me lamber que eu deixo.


Por Van Luchiari ©

14 setembro 2008

VOCÊ VEIO

Foi num sonho... Você veio.
Invadiu-me sorrateiro
Pôs um beijo no meu corpo
Bico a bico, seio a seio
Você veio.
Delicado e faminto
foi sorvendo meu instinto
Dominando meu desejo
Arrepiando meus pelos
Você veio.
Intumescendo meu grelo
Sequestrando meus fluídos
Aprisionando meus anseios
Nas tuas unhas, nos teus dedos
Mordendo minha pele
Intoxicando meu cheiro
Batendo em minha bunda
Puxando os meus cabelos
Foi num sonho... Você veio.
Apaixonado e furioso
Penetrando sexo e orifícios
Devorando vulva e lábios
Possuindo meus anseios
Foi num sonho... Você veio.
Lobo em pele de cordeiro
E eu fui sua... por inteiro.

Por Van Luchiari ©

06 setembro 2008

MEU AMOR É NÃO

.

Meu amor é sujo.
É cego.
Pintura grotesca.
Meu amor é do avesso.
É incerto.
Caminho errado e deserto.
Eu pertenço ao medo - meu algoz.
Prisioneira covarde e fiel.
Meu veneno. Meu fel.
Antes de ser tua, eu fui um nada
Antes de ser tua, minha boca foi costura.
Foi cruel. Foi tortura.
Meu amor é um engano.
Goza seu sangue incrédulo no teu segredo.
Foi o arremedo
daquilo que um dia chamou-se desejo.
O meu amor é uma armadilha.
É um beco
sem saída.
Incendiário e inútil.
Sozinho e estúpido.
Meu amor é sujo.
É seco.
Meu amor é nulo.
Meu amor não te merece.
E por isso implora: "Me esquece!"

Por Van Luchiari ©

Não! Por favor, não me esqueça. Foi apenas rima. Apenas rima.

03 setembro 2008

TUDO EM MIM

Por baixo do vestido tomara-que-caia preto, mais nada.

Despi-me.
Estou nua.
Minhas mãos atrevidas invadindo os caminhos. As coxas abertas em entrega voluntária. Os dedos todos em mim. Penetram deliciosamente percorrendo os úmidos que me escorrem por tua causa. (Por tua causa) Respiro ofegante... Tudo em mim palpita. (Tudo) A boca seca implorando pelos teus dentes. Os lábios ensopados implorando pela tua língua. Os dedos lambuzados que eu levo à boca, tentando matar a minha sede de ti. Mas o gosto doce que sinto é o meu. (E é bom) Provo novamente. E denovo. Minhas fendas ensopadas sendo devassadas pelos dedos gulosos. Gemidos escapam trêmulos das entranhas do meu corpo. Tudo em mim se rende. E na cabeça só uma pergunta: Por que não é você? Por que não é você?


Por Van Luchiari ©