19 setembro 2012

ARDENTE


O que eu preciso diariamente
Abrir-me aos teus dentes
Sentir-te entrando e queimando-me
num trago longo e quente.
Derramar-te meu gozo
dar-te minha pele nua e latente.
Sentir-te beber lentamente
meu peito, meu leite, minha mente.
Até não haver mais poro
ou buraco em mim que te ausente.
Sorver-te deliciosamente.
Até o fim, impiedosamente.

O que eu preciso diariamente
é de uma dose bem farta
da tua água-ardente!


Por V.

26 outubro 2011

70



70 vezes fui tua.
70 desejos, 70 pulsos.
Todas as incompletudes.
70 noites fui tua.
70 dedos, 70 sonhos.
70 desesperos, 70 solidões.
70 madrugadas de mil esperas.
70 gozos escorridos.
70 pausas, 70 venenos.
Bálsamo derramado.
Todas as coxas, a pele lisa
Uma dor, uma brisa.
70 pontes, uma ilha,
70 luas, as pernas abertas,
Trêmulas, nuas.
Três milhões de ausências
Masturbando o corpo.
70 fins sem começo.
70 nadas latejantes,
70 ocos, 70 ecos.
Uma boca, todos os lábios.
70 noites fui tua.
70 aindas. 70 agoras.
70 palavras, todos os sins.
Todas as línguas, as tuas, em mim.



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14 janeiro 2011

TEMPESTADES



Só você não vê.
As minhas tempestades são tuas.
O meu desejo é todo teu.
Molha tua boca em mim.
Lambuza o teu corpo com meu gosto.
Molha a tua língua no meu escorrer erótico e latejante.
Pensar em ti é decretar meu derramamento.
Ensopar-me. Lambuzar-me.
Entregar-me ao seu intento.

Por ti eu me dispo em todas as tempestades.
Invento-te e amo-te na minha úmida fantasia.
Devoro-te.
Engulo o teu o amor como uma iguaria
Feita pra fartar-me e saciar minhas vontades.

Quando penso em ti,
as tempestades são profundas, são intrínsecas.
Eu me derreto em tuas águas num torpor lento e poderoso.
E em mim tudo torna-se ensopado e quente
Meu desejo por ti me consome, deliciosamente.
A minha maior tempestade é tua.
Só você não vê.

Ainda te espero...
Porque sei
Ainda te encontro...




Por Van Luchiari ©

 

20 dezembro 2010

ATA-ME©



Tapa-me os olhos!
Quero ver-te no silêncio.
Tocar tua escuridão.
Ser teu sonho mais leve.
Sentir-te com os olhos de dentro.
Venda-me!
Desvenda-me!
Meu corpo é teu véu, teu escudo,
teu segredo, teu alento.
...
Traga-me tuas cordas.
Ata-me!
Tua língua é minha amarra.
Teu gozo é meu altar.
Desata-me!
Arranca-me a casca.
Derruba-me os muros.
Invada o meu amar.
...
Ama-me!
Arranca-me os véus!
Seja meu hoje, meu antes,
meu tarde, meus cedos.
Minha fome por ti é urgência
e não sacia em meus dedos.
...
Amarra-me mais!
Por ti eu sou nua, por ti eu sou toda.
Ata-me a ti!
E que o resto se exploda!
...
Perdi a vergonha.
Dormi com o meu medo.
Não sou mais mistério!
Não sou mais segredo!